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sábado, 25 de fevereiro de 2012

Tuberculose

Tuberculose
A tuberculose - chamada antigamente de "peste cinzenta", e conhecida também em português como tísica pulmonar ou "doença do peito" - é uma das doenças infecciosas documentadas desde mais longa data e que continua a afligir a Humanidade nos dias atuais. É causada pelo Mycobacterium tuberculosis, também conhecido como bacilo-de-koch. Estima-se que a bactéria causadora tenha evoluído há 40.000 anos, a partir de outras bactérias do gênero Mycobacterium.
A tuberculose é considerada uma doença socialmente determinada, pois sua ocorrência está diretamente associada à forma como se organizam os processos de produção e de reprodução social, assim como à implementação de políticas de controle da doença. Os processos de produção e reprodução estão diretamente relacionados ao modo de viver e trabalhar do indivíduo.
A tuberculose pulmonar é a forma mais frequente e generalizada da doença. Porém, o bacilo da tuberculose pode afetar também outras áreas do nosso organismo, como, por exemplo, laringe, os ossos e as articulações, a pele (lúpus vulgar), os glânglios linfáticos (escrófulo), os intestinos, os rins e o sistema nervoso. A tuberculose miliar consiste num alastramento da infeção a diversas partes do organismo, por via sanguínea. Este tipo de tuberculose pode atingir as meninges (membranas que revestem a medula espinhal e o encéfalo), causando infecções graves denominadas de "meningite tuberculosa".
Em diversos países houve a ideia de que por volta de 2010 a doença estaria praticamente controlada e inexistente. No entanto, o advento do HIV e da AIDS mudaram drasticamente esta perspectiva. No ano de 1993, em decorrência do número de casos da doença, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou estado de emergência global e propôs o DOTS (Tratamento Diretamente Supervisionado) como estratégia para o controle da doença.

Sintomas Mais Comuns
Entre seus sintomas, pode-se mencionar tosse com secreção, febre (mais comumente ao entardecer), suores noturnos, falta de apetite, emagrecimento, cansaço fácil e dores musculares. Dificuldade na respiração, eliminação de sangue e acúmulo de pus na pleura pulmonar são característicos em casos mais graves.

Contágio e Evolução
A tuberculose se dissemina através de aerossóis no ar que são expelidas quando pessoas com tuberculose infecciosa tossem, espirram. Contactos próximos (pessoas que tem contato frequente) tem alto risco de se infectarem. A transmissão ocorre somente a partir de pessoas com tuberculose infecciosa ativa (e não de quem tem a doença latente).
A probabilidade da transmissão depende do grau de infecção da pessoa com tuberculose e da quantidade expelida, forma e duração da exposição ao bacilo, e a virulência.
A cadeia de transmissão pode ser interrompida isolando-se pacientes com a doença ativa e iniciando-se uma terapia antituberculose eficaz.

Notificação
A tuberculose é uma doença de notificação obrigatória (compulsória), ou seja, qualquer caso confirmado tem que ser obrigatoriamente notificado.

Infecção
A infecção pelo M. tuberculosis se inicia quando o bacilo atinge os alvéolos pulmonares e pode se espalhar para os nódulos linfáticos e daí, através da corrente sanguínea para tecidos mais distantes onde a doença pode se desenvolver: a parte superior dos pulmões, os rins, o cérebro e os ossos.
A resposta imunológica do organismo mata a maioria dos bacilos, levando à formação de um granuloma. Os "tubérculos", ou nódulos de tuberculose são pequenas lesões que consistem em tecidos mortos de cor acinzentada contendo a bactéria da tuberculose.
Normalmente o sistema imunológico é capaz de conter a multiplicação do bacilo, evitando sua disseminação em 90% dos casos.

Evolução
Entretanto, em algumas pessoas, o bacilo da tuberculose supera as defesas do sistema imunológico e começa a se multiplicar, resultando na progressão de uma simples infecção por tuberculose para a doença em si. Isto pode ocorrer logo após a infecção (tuberculose primária – 1 a 5% dos casos), ou vários anos após a infecção (reativação da doença tuberculosa, ou bacilo dormente – 5 a 9 %).
Cerca de 5% das pessoas infectadas vão desenvolver a doença nos dois primeiros anos, e outras 5% vão desenvolvê-la ainda mais tarde. No total, cerca de 10% dos infectados com sistema imunológico normal desenvolverão a doença durante a vida. 
Algumas situações aumentam o risco de progressão da tuberculose. Em pessoas infectadas com o HIV ou outras doenças que deprimem o sistema imunológico tem muito mais chances de desenvolverem complicações. Outras situações de risco incluem: o abuso de drogas injetáveis; infecção recente de tuberculose nos últimos 2 anos; raio-x do tórax que sugira a existência de tuberculose (lesões fibróticas e nódulos); diabetes mellitus, silicose, terapia prolongada com corticosteróides e outras terapias imuno-supressivas, câncer na cabeça ou pescoço, doenças no sangue ou reticuloendoteliais (leucemia e doença de Hodgkin), doença renal em estágio avançado, gastrectomia, síndromes de mal-absorção crônicas, ou baixo peso corporal (10% ou mais de peso abaixo do ideal).
A tuberculose afeta principalmente os pulmões, (75% ou mais) e é chamada de tuberculose pulmonar.
Os sintomas incluem tosse prolongada com duração de mais de três semanas, dor no peito e hemoptise. Outros sintomas incluem febre, calafrios, suores noturnos, perda de apetite e de peso, e cansaço fácil. A palavra consunção (consumpção, em Portugal) surgiu porque os doentes pareciam ter sido "consumidos por dentro" pela doença.
Outros locais do corpo que são afetados incluem a pleura, o sistema nervoso central (meninges), o sistema linfático, o sistema genitourinário, ossos e articulações, ou pode ser disseminada pelo corpo (tuberculose miliar - assim chamada porque as lesões que se formam parecem pequenos grãos de milho). Estas são mais comuns em pessoas com supressão imunológica e em crianças. A tuberculose pulmonar também pode evoluir a partir de uma tuberculose extrapulmonar.

Resistência a Medicamentos
A tuberculose resistente é transmitida da mesma forma que as formas sensíveis a medicamentos. A resistência primária se desenvolve em pessoas infectadas inicialmente com microorganismos resistentes. A resistência secundária (ou adquirida) surge quando a terapia contra a tuberculose é inadequada ou quando não se segue ou se interrompe o regime de tratamento prescrito.

Diagnóstico
Uma avaliação médica completa para a tuberculose ativa inclui um histórico médico, um exame físico, a baciloscopia de escarro, uma radiografia do tórax e culturas microbiológicas. A prova tuberculínica (também conhecida como teste tuberculínico ou teste de Mantoux) está indicada para o diagnóstico da infecção latente, mas também auxilia no diagnóstico da doença em situações especiais, como no caso de crianças com suspeita de tuberculose. Toda pessoa com tosse por três semanas ou mais é chamada sintomática respiratória (SR) e pode estar com tuberculose.

Baciloscopia

A baciloscopia é um exame realizado com o escarro do paciente suspeito de ser vítima de tuberculose, colhido em um potinho estéril. Para o exame são necessárias duas amostras. Uma amostra deve ser colhida no momento da identificação do sintomático respiratório e a outra na manhã do dia seguinte, com o paciente ainda em jejum após enxaguar a boca com água. É importante orientar o paciente a não cuspir, mas sim escarrar. Esse exame está disponível no SUS e pode ser solicitado por enfermeiros e médicos.



Histórico Médico
O histórico médico inclui a obtenção de sintomas da tuberculose pulmonar:
  • tosse intensa e prolongada por três ou mais semanas;
  • dor no peito; e
  • hemoptise.
Sintomas sistêmicos incluem:
  • febre;
  • calafrios;
  • suores noturnos;
  • perda de apetite e peso; e
  • cansaço fácil.
Outras partes do histórico médico incluem:
  • exposição anterior à tuberculose, na forma de infecção ou doença;
  • tratamento anterior de TB;
  • fatores de risco demográficos para a TB; e
  • condições médicas que aumentem o risco de infecção por tuberculoses, tais como a infecção por HIV.
Deve-se suspeitar de tuberculose quando uma doença respiratória persistente - num indivíduo que de outra forma seria saudável - não estiver respondendo aos antibióticos regulares.

Exame Físico

Um exame físico é feito para avaliar a saúde geral do paciente e descobrir outros fatores que podem afetar o plano de tratamento da tuberculose. Não pode ser usado como diagnosticador da Tuberculose.

Radiografia do Tórax


Uma radiografia postero-anterior do tórax é a tradicionalmente feita; outras vistas (lateral ou lordótico) ou imagens de tomografia computadorizada podem ser necessárias.

Em tuberculose pulmonar ativa, infiltrações ou consolidações e/ou cavidades são frequentemente vistas na parte superior dos pulmões com ou sem linfadenopatia (doença nos nódulos linfáticos) mediastinal ou hilar. No entanto, lesões podem aparecer em qualquer lugar nos pulmões. Em pessoas com HIV e outras imuno-supressões, qualquer anormalidade pode indicar a TB, ou o raio-x dos pulmões pode até mesmo parecer inteiramente normal.
Em geral, a tuberculose anteriormente tratada aparece no raio-x como nódulos pulmonares na área hilar ou nos lóbulos superiores, apresentando ou não marcas fibróticas e perda de volume. Bronquiectastia (isto é, dilatação dos brônquios com a presença de catarro) e marcas pleurais podem estar presentes.
Nódulos e cicatrizes fibróticas podem conter bacilos de tuberculose em multiplicação lenta, com potencial para progredirem para uma futura tuberculose ativa. Indivíduos com estas características em seus exames, se tiverem um teste positivo de reação subcutânea à tuberculina, devem ser consideradas candidatos de alta prioridade ao tratamento da infecção latente, independente de sua idade. De modo oposto, lesões granulares calcificadas (granulomas calcificados) apresentam baixíssimo risco de progressão para uma tuberculose ativa.
Anormalidades detectadas em radiografias do tórax podem sugerir, porém, nunca são exatamente o diagnóstico, de tuberculose. Entretanto, estas radiografias podem ser usadas para descartar a possibilidade de tuberculose pulmonar numa pessoa que tenha reação positiva ao teste de tuberculina mas que não tenha os sintomas da doença.

Estudos microbiológicos

Análises de amostras de escarro e culturas microbiológicas devem ser feitas para detectar o bacilo, caso o paciente esteja produzindo secreção. Se não estiver produzindo-a, uma amostra coletada na laringe, uma broncoscopia ou uma aspiração por agulha fina podem ser consideradas. O bacilo pode ser cultivado, apesar de crescer lentamente e então, ou imediatamente após colheita da amostra corado (com a técnica de Ziehl-Neelsen) e observado ao microscópio óptico.



Teste intradérmico de tuberculina


O teste intradérmico de Mantoux é usado no Brasil, nos EUA e no Canadá. O teste de Heaf é usado no Reino Unido. Esses testes não têm nenhuma importância diagnóstica. Um resultado positivo indica que houve contato com o bacilo, mas não indica doença, já que, após o contágio, o indivíduo apresenta 5% de chances de desenvolver a doença nos primeiros 2 anos. Este teste é utilizado para fins de controle epidemiológico e profilaxia em contactantes de pacientes com tuberculose.
O derivado de proteína purificada (ou PPD), que é um precipitado obtido de culturas filtradas e esterilizadas, é injetado de forma intradérmica (isto é, dentro da pele) e a leitura do exame é feita entre 48 e 72 horas após a aplicação do PPD. Um paciente que foi exposto à bactéria deve apresentar uma resposta imunológica na pele.


Classificação da Reação à Tuberculina

Os resultados são classificados como Reator Forte, Reator Fraco ou Não Reator. Um endurecimento de mais de 5–15 mm (dependendo dos fatores de risco da pessoa) a 10 unidades de Mantoux é considerado um resultado positivo, indicando infecção pelo M. tuberculosis.
  • 5 mm ou mais de tamanho são positivos para a TB em:
    • pacientes positivos para o HIV
    • contatos com casos recentes de TB
    • pessoas com mudanças nodulares ou fibróticas em raios-x do tórax, consistentes com casos antigos de TB curada
    • Pacientes com órgãos transplantados e outros pacientes imuno-suprimidos
  • 10 mm ou mais é positivo em:
    • Pessoas recém-chegadas (menos de 5 anos) de países com alta incidência da doença (isso inclui quem mora no Brasil)
    • Utilizadores de drogas injetáveis
    • Residentes e empregados de locais de aglomerações de alto risco (ex.: prisões, enfermarias, hospitais, abrigos de sem-teto, etc.)
    • Pessoal de laboratórios onde se faça testes com Mycobacterium
    • Pessoas com condições clínicas de alto risco (ex.:, diabetes, terapias prolongadas com corticosteróides, leucemia, falência renal, síndromes de mal-absorção crônicas, reduzido peso corporal, etc)
    • Crianças com menos de 4 anos de idade, ou crianças e adolescentes expostos a adultos nas categorias de alto risco
  • 15 mm ou mais é positivo em: (Não utilizado no Brasil)
    • Pessoas sem fatores de risco conhecidos para a TB
    • (Nota: programas de testes cutâneos normalmente são conduzidos entre grupos de alto risco para a doença)
Um teste negativo não exclui tuberculose ativa, especialmente se o teste foi feito entre 6 e 8 semanas após adquirir-se a infecção; se a infecção for intensa, ou se o paciente tiver comprometimento imunológico.
Um teste positivo não indica doença ativa, apenas que o indivíduo teve contato com o bacilo.
Não há relação entre a eficácia da vacina BCG e um teste de Mantoux positivo.
Uma BCG é suficiente; a revacinação não é útil. Uma vacinação prévia por BCG dá, por vezes, resultados falso-positivos. Isto torna o teste de Mantoux pouco útil em pessoas vacinadas por BCG.
A fim de melhorar o Teste de Mantoux, outros testes estão sendo desenvolvidos. Um dos considerados promissores observa a reação de linfócitos-T aos antígenos ESAT6 e CFP10.

Teste de Heaf
O Teste de Heaf é usado no Reino Unido, e também injeta a proteína purificada (PPD) na pele, observando-se a reação resultante.
Quando alguém é diagnosticado com tuberculose, todos os seus contatos próximos devem ser investigados com um teste de Mantoux e, principalmente, radiografias de tórax, a critério médico.

Sistema de Classificação


O sistema de classificação para a tuberculose mostrado abaixo é baseado no grau de patogenia da doença.
Os agentes de saúde devem obedecer às leis de cada país no tocante à notificação de casos de tuberculose. As situações descritas em 3 ou 5 na tabela abaixo devem ser imediatamente notificadas às autoridades de saúde locais.

Sistema de Classificação Para a Tuberculose. (TB)
Classe
Tipo
Descrição
0
Nenhuma exposição à TB
Não Infectado
Nenhum histórico de exposição
Reação negativa ao teste de tuberculina dérmico

1
Exposição à TB
Nenhuma evidência de infecção
Histórico de exposição
Reação negativa ao teste dérmico de tuberculina

2

Infecção de TB
Sem doença
Reação positiva ao teste dérmico de tuberculina
Estudos bacteriológicos negativos (caso tenham sido feitos)
Nenhuma evidência clínica, bacteriológica ou radiográfica de TB
3

TB clinicamente ativa
Cultura de M. tuberculosis (caso tenha sido feita)
Evidências clínicas, bacteriológicas, ou radiográficas da doença.
4
TB
não ativa clinicamente
Histórico de episódio(s) de TB
ou
Sinais anormais porém estáveis nas radiografias
Reação positiva ao teste dérmico de tuberculina
Estudos bacteriológicos negativos (se feitos)
e
Nenhuma evidência clínica ou radiográfica de presença da doença
5
Suspeita de TB
Diagnóstico pendente
A doença deve ser confirmada ou descartada dentro de 3 meses


Tratamento
Pessoas com infecção de Tuberculose (classes 2 ou 4), mas que não têm a doença (como nas classes 3 ou 5), não espalham a infecção para outras pessoas. A infecção por Tuberculose numa pessoa que não tem a doença não é considerada um caso de Tuberculose e normalmente é relatada como uma infecção latente de Tuberculose. Esta distinção é importante porque as opções de tratamento são diferentes para quem tem a infecção latente e para quem tem a doença ativa.

Tratamento de infecção latente de tuberculose


O tratamento da infecção latente é essencial para o controle e eliminação da TB, pela redução do risco de a infecção vir a tornar-se doença ativa. Uma avaliação para descartar TB ativa é necessária antes que um tratamento para tuberculose latente seja iniciado.
Candidatos ao tratamento de tuberculose latente são aqueles grupos de muito alto risco, com reação positiva à tuberculina de 5 mm ou mais, assim como aqueles grupos de alto risco com reações cutâneas de 10 mm ou mais. 
Há vários tipos de tratamento disponíveis, a critério médico.
Contatos próximos
Contatos próximos são aqueles que dividem a mesma habitação ou outros ambientes fechados. Aqueles com riscos maiores são as crianças com idade inferior a 4 anos, pessoas imuno-deprimidas e outros que possam desenvolver a TB logo após uma infecção. Contatos próximos que tenham tido uma reação negativa ao teste de tuberculina (menos de 5 mm) devem ser novamente testados 10 a 12 semanas após sua última exposição à TB. O tratamento da tuberculose latente pode ser descontinuado a critério médico.
Crianças
Crianças com menos de 4 anos de idade tem grande risco de progressão de uma infecção para a doença, e de desenvolverem formas de TB potencialmente fatais. Estes contatos próximos normalmente devem receber tratamento para tuberculose latente mesmo quando não os testes de tuberculina ou o raio-x do tórax não sugere TB.
Um segundo teste de tuberculina normalmente é feito de 10 a 12 semanas após a última exposição à TB infecciosa, para que se decida se o tratamento será descontinuado ou não.

Tratamento de Tuberculose Ativa
Os tratamentos recentes para a tuberculose ativa incluem uma combinação de drogas e remédios, às vezes num total de quatro, que são reduzidas após certo tempo, a critério médico. Não se utiliza apenas uma droga, pois, neste caso, todas as bactérias sensíveis a ela morrem, e, três meses depois, o paciente sofrerá infecção de bactérias que conseguiram resistir a esta primeira droga. Alguns medicamentos matam a bactéria, outros agem contra a bactéria infiltrada em células, e outros, ainda, impedem a sua multiplicação. Ressalve-se que o tratamento deve seguir uma continuidade com acompanhamento médico, e não suspenso pelo paciente após uma simples melhora. Com isto evita-se que cepas da bactéria mais resistentes sobrevivam no organismo, e retornem posteriormente com uma infecção mais difícil de curar. O tratamento pode durar até 5 anos.

Prevenção
A imunização com vacina BCG dá entre 50% a 80% de resistência à doença. Em áreas tropicais onde a incidência de mycobactérias atípicas é elevada (a exposição a algumas "mycobacterias" não transmissoras de tuberculose dá alguma proteção contra a TB), a eficácia da BCG é bem menor. No Reino Unido adolescentes de 15 anos são normalmente vacinadas durante o período escolar.

História da Tuberculose
Por conta de seus variados sintomas, a tuberculose não era identificada como uma única doença até à segunda década do século XIX, e não era chamada de tuberculose até ser batizada em 1839 por J.L. Schoenlein. Algumas formas da doença provavelmente eram conhecidas deste a Grécia antiga, senão antes, considerando-se que a doença se originou a partir do primeiro gado domesticado (no qual também originou a varíola humana). e antigamente não existia vacina.

O bacilo causador da doença, Mycobacterium tuberculosis foi descrito em 24 de março de 1882 por Robert Koch. Ele recebeu em 1905 o Prémio Nobel de medicina por sua descoberta. Koch não acreditava que as tuberculoses bovina e humana fossem similares, o que impediu o reconhecimento do leite infectado como fonte da doença. Mais tarde, esta fonte foi eliminada graças à pasteurização. Koch apresentou um extrato de glicerina com o bacilo da tuberculose como um "remédio" para a doença em 1890, chamando-o de tuberculina. Ele não teve eficácia, porém, foi mais tarde adaptado por von Pirquet para um teste para tuberculose pré-sintomática.
O primeiro sucesso genuíno de vacinação contra a tuberculose foi desenvolvido a partir de linhagens atenuadas da tuberculose bovina, e criado por Albert Calmette e Camille Guerin em1906. Era a vacina BCG (Bacilo de Calmette e Guerin). Ela foi usada pela primeira vez em humanos em 18 de julho de 1921 na França, apesar de arrogâncias nacionais terem impedido a disseminação de seu uso, seja nos EUA, Reino Unido ou Alemanha até o final da Segunda Guerra Mundial.
A tuberculose causou enorme preocupação pública no século XIX e no início do século XX, como a doença endêmica entre as classes pobres das cidades. Na Inglaterra de 1815, uma entre quatro mortes eram devido à tísica pulmonar; por volta de 1918, uma dentre seis mortes na França ainda era causada pela Tuberculose. Depois de ter ficado claro, por volta de 1880, que a doença era contagiosa, a tuberculose se tornou uma doença de notificação obrigatória na Grã-Bretanha; foram feitas campanhas para que não se escarrasse em locais públicos, e as pessoas com a infecção eram "encorajadas" a irem para sanatórios que chegavam a lembrar prisões. Apesar dos "benefícios" do ar fresco e do trabalho empregados nos sanatórios, 75% dos que neles entravam morriam num prazo de 5 anos (dados de 1908).
A preocupação com a disseminação foi tanta em alguns países, como os EUA, que chegou a surgir um movimento contrário a que se escarrasse em público, exceto em locais com escarradeiras.
Na Europa, as mortes por Tuberculose caíram de 500 por 100 000 pessoas em 1850 para 50 em 100 000 por volta de 1950. Melhorias na saúde pública já vinham reduzindo a incidência de tuberculose mesmo antes do surgimento dos antibióticos, apesar de a importância da doença ainda ser grande quando o chamado Medical Research Council da Grã-Bretanha lançou seus primeiros projetos para a doença em 1913.
Somente após 1946, com o desenvolvimento do antibiótico estreptomicina é que o tratamento, e não apenas a prevenção, se tornaram possíveis. Antes disso, somente a intervenção cirúrgica era possível como tratamento (além dos sanatórios), incluindo a técnica do pneumotórax: provocar o colapso de um pulmão infectado para deixá-lo "descansar" e permitir a cicatrização das lesões, técnica muito habitual mas pouco benéfica, e que foi posta de lado após 1946.
Esperanças de que a doença pudesse ser completamente eliminada foram frustradas desde o surgimento de cepas de bacilos resistentes aos antibióticos nos anos 1980. Por exemplo, os casos de Tuberculose no Reino Unido, por volta de 50 000 em 1955, caíram para cerca de 5 500 em 1987, mas em 2001 havia mais de 7 000 casos confirmados. Por conta da eliminação de instalações de tratamento públicas em Nova Iorque nos anos 1970, houve uma ressurgência da doença nos anos 1980. O número daqueles que interrompem seu tratamento é muito alto. Nova Iorque teve que lidar com mais de 20 000 pacientes "desnecessários" com muitas cepas resistentes a muitas das drogas normalmente usadas. O ressurgimento da tuberculose resultou na declaração de uma emergência médica global pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1993.
Um outro sério agravante foi a epidemia de AIDS pelo mundo, que permite aumenta em muitas vezes as chances de desenvolvimento de sérias complicações da tuberculose. TB foi a principal responsável pela morte de pessoas com AIDS no mundo nas últimas décadas.
Em 2003, pesquisadores criaram acidentalmente, em laboratório, uma cepa mais letal e de reprodução mais rápida de bactérias da tuberculose.

Transmissão
A tuberculose é transmitida por aerossóis produzidos por um indivíduo contaminado quando este tosse, fala, espirra ou cospe.

Vítimas Famosas
  • Álvares de Azevedo (1831 - 1852) (20 anos), escritor brasileiro.
  • Anton Tchecov (1860 - 1904) (44 anos), escritor Russo.
  • Auta de Souza (1876 - 1901) (24 anos), poetisa brasileira.
  • Castro Alves (1847 - 1871) (24 anos), poeta brasileiro.
  • George Orwell (1903 - 1950) (46 anos), escritor Britânico.
  • Giovanni Battista Pergolesi (1710 - 1736) (26 anos), compositor italiano do Barroco.
  • Emily Brontë (1818 - 1848) (29 anos), escritora inglesa.
  • Ismael Nery (1900 - 1934) (33 anos), pintor brasileiro.
  • João de Cruz e Sousa (1861 - 1898) (36 anos), escritor brasileiro, precursor do estilo literário Simbolismo.
  • José de Alencar (1829 - 1877) (48 anos), escritor brasileiro.
  • Júlio Dinis (1839 - 1871) (31 anos), escritor português.
  • Cesário Verde (1855 - 1886) (31 anos), poeta português.
  • Lev Vygotsky (1896 - 1934) (37 anos), psicólogo bielo-russo.
  • Manuel Bandeira (1886 - 1968) (82 anos), escritor brasileiro.
  • Noel Rosa (1910 - 1937 (26 anos), cantor e compositor brasileiro.
  • D. Pedro I do Brasil (IV de Portugal) (1798 - 1834) (35 anos).
  • Souji Okita (1843? - 1868), samurai do séc XIX, pertencente à milícia Shinsengumi, que morreu de tuberculose aos 25 anos, no primeiro ano da era Meiji.
  • Vivien Leigh (1913 - 1967) (53 anos), atriz inglesa, vencedora de 2 Academy Awards, famosa por seu papel como Scarlett O'Hara na adaptação cinematográfica de E o Vento Levou, de 1939.
  • John Keats (1795 - 1821) (25 anos), poeta inglês. Foi o último dos poetas românticos do país, e, aos 25, o mais jovem a morrer.

Tuberculose no Mundo
Todos os anos 1960 milhões de pessoas são infectadas com tuberculose. Embora atualmente esta doença tenha tratamento, ainda mata anualmente 1.7 milhões de pessoas principalmente na África e no sudeste da Ásia.
Com controle feito pela OMS e outras organizações de saúde, e com tratamentos cada vez mais eficazes para doenças imunes, o número de casos no mundo vêm caindo consideravelmente em todos os continentes. O local com mais casos é o sudeste asiático com 34%, seguindo da África com 30% dos casos e da ilhas do Pacífico com 21%. Na Europa ocorrem apenas 4,5% e nas Américas apenas 2,9%.
O Brasil é, segundo dados de 2010 do Ministério da Saúde, o 19º país com maior número de casos da doença. Cerca de 73% dos novos casos são curados, 12% a menos do preconizado pela OMS.

Qual a causa?
Mycobacterium tuberculosis ou Bacilo de Koch (BK). Outras espécies de micobactérias também podem causar a tuberculose. São elas: Mycobacterium bovis, africanum e microti.

Como se prevenir?
Para prevenir a doença é necessário imunizar as crianças com a vacina BCG. Crianças soropositivas ou recém-nascidas que apresentam sinais ou sintomas de Aids não devem receber a vacina. A prevenção inclui evitar aglomerações, especialmente em ambientes fechados, mal ventilados e sem iluminação solar. 

Que fatores facilitam o surgimento da doença?

  • Morar em região de grande prevalência da doença;
  • Ser profissional da área da saúde;
  • Confinamentos em asilos, presídios, manicômios ou quartéis;
  • Ser negro - a raça negra parece ser mais suscetível à infecção pelo bacilo da tuberculose;
  • Predisposição genética;
  • Idade avançada;
  • Desnutrição;
  • Alcoolismo;
  • Uso de drogas ilícitas;
  • Uso crônico de medicações como os que transplantados de órgãos usam, como corticoides ou outras que também diminuam a defesa do organismo;
  • Doenças como SIDA, diabetes, insuficiência crônica dos rins, silicone (doença crônica pulmonar) ou tumores.
Perguntas que você pode fazer ao seu médico?
Qual a conduta no caso da tuberculose, durante a gravidez?
Como fica a situação do recém-nascido que vive com um adulto com tuberculose?
Os remédios para tuberculose diminuem o efeito do anticoncepcional oral?
Quais são os efeitos colaterais mais freqüentes que podem surgir com o uso dos medicamentos contra tuberculose?
As pessoas com doença crônica do fígado podem fazer o tratamento usual contra tuberculose? 


sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Rins

Vamos Cuidar dos Nossos Rins

Conheça o rim e como evitar problemas

Cuide bem de seus rins
Eles filtram as impurezas, controlam a pressão arterial, e ainda produzem hormônios e vitaminas. Mas andam sofrendo um bocado...

por CIDA DE OLIVEIRA
Rim é cada um dos dois órgãos excretores, em forma de feijão (tendo no ser humano, aproximadamente 11 cm de comprimento, 5 cm de largura e 3 cm de espessura). É o principal órgão do sistema excretor e osmoregulador dos vertebrados. Os rins filtram produtos do metabolismo de aminoácidos (especialmente uréia) do sangue, e os excretam, com água, na urina; a urina sai dos rins através dos ureteres, para a bexiga.

Que os rins têm a missão de filtrar o sangue, muita gente sabe. Missão importantíssima, aliás. Graças a eles, saem de circulação todas as impurezas que chegam ali pela artéria renal e que estão só de passagem, já que vão ser mesmo despejadas na urina, seu destino final. Só que essa dupla de órgãos faz muito mais do que isso. Os rins são responsáveis também pelo equilíbrio entre sal e água no corpo. Se esses dois elementos estiverem fora de proporção, surge o inchaço nas pernas e nos pés, sinal evidente de que algo não vai bem nesses filtros, dá a dica o nefrologista David Elias Neto, do setor de transplantes renais do Hospital das Clínicas de São Paulo e diretor da nefrologia do Hospital Sírio-Libanês, também na capital paulista.
Os rins ainda produzem a renina, enzima que estimula a secreção de um hormônio capaz de elevar a pressão arterial quando ela cai bruscamente. Mas, se não funcionam como deveriam, há uma sobra de renina, o que resulta na hipertensão doença que deve ser investigada também pelo nefrologista. É que esse mal silencioso danifica todos os vasos do corpo os renais não são exceção. E daí a situação se agrava cada vez mais.
Já ouviu falar na eritropoetina? Pois esse hormônio, responsável pela maturação dos glóbulos vermelhos do sangue na medula, também é fabricado nos rins. Se estiver em falta, surge a anemia. Sem contar que é ali, nesse órgão, que ficam estocados minerais importantes para os ossos, como o cálcio e o fósforo. Eles vão sendo liberados de acordo com as necessidades do esqueleto, conta o nefrologista João Egídio Romão Júnior, do Hospital das Clínicas de São Paulo. Tem mais: não fossem os rins, a vitamina D, que o corpo absorve com a ajuda do sol, simplesmente não seria ativada. E todos sabemos a importância dessa substância para a saúde óssea.
Se a lista de funções renais é grande, o número de encrencas a que o órgão está sujeito não é menor cálculosinflamaçõesinfecções.... Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia, 12 milhões de brasileiros sofrem de algum desses males, sendo que sete em cada dez vítimas nem sequer desconfiam. Uma ameaça e tanto, já que muitos deles, quando se repetem, podem levar à doença renal crônica (DRC).


Anatomia

Localização

Em humanos, os rins estão localizados na região posterior do abdomen, atrás do peritoneo, motivo pelo qual são chamados de órgãos retroperitoneais. Existe um rim em cada lado da coluna; o direito encontra-se logo abaixo do fígado e o esquerdo abaixo do baço. Em cima de cada rim encontramos a glândula supra-renal.
Os rins estão, aproximadamente no mesmo nível que as vértebras T12 a L3, sendo que o rim direito localiza-se um pouco mais inferiormente que o esquerdo. O pólo superior de cada rim está encostado na décima primeira e décima segunda costelas e ambos encontram-se envoltos por um coxim de gordura, com finalidade de proteção mecânica.


Anatomia macroscópica
No adulto o rim tem cerca de 11 a 13 cm de comprimento, 5 a 7,5 cm de largura, 2,5 a 3 cm de espessura, com aproximadamente 125 a 170 gramas no homem e 115 a 155 gramas na mulher.
Cada rim possui a forma de um grão de feijão com duas faces (anterior e posterior), duas bordas (medial e lateral) e dois pólos ou extremidades (superior e inferior). Na borda medial encontra-se o hilo, por onde passam o ureter, artéria e veia renal, linfáticos e nervos. Os rins estão envolvidos em toda sua superfície por um tecido fibroso fino chamado cápsula renal. Ao redor do rim existe um acúmulo de tecido adiposo chamado gordura perirrenal, que por sua vez está envolvida por uma condensação de tecido conjuntivo, representando a fáscia de Gerota ou fáscia renal.
Ao corte frontal, que divide o rim em duas partes, é possível reconhecer o córtex renal, uma camada mais externa e pálida, e a medula renal, uma camada mais interna e escura. O córtex emite projeções para a medula denominadas colunas renais, que separam porções cônicas da medula chamadas pirâmides.
As pirâmides têm bases voltadas para o córtex e ápices voltados para a medula, sendo que seus ápices são denominados papilas renais. É na papila que desembocam os ductos coletores pelos quais a urina escoa atingindo a pelve renal e o ureter. A pelve é a extremidade dilatada do ureter e está dividida em dois ou três tubos chamados cálices maiores, os quais subdividem-se em um número variado de cálices menores. Cada cálice menor apresenta um encaixe em forma de taça com a papila renal.

Vascularização

Os rins são supridos pela artéria renal, que se origina da aorta. A artéria renal divide-se no hilo em um ramo anterior e um ramo posterior. Estes, dividem-se em várias artérias segmentares que irão irrigar vários segmentos do rim. Essas artérias, por sua vez, dão origem às artérias interlobares, que na junção cortiço-medular dividem-se para formar as artérias arqueadas e posteriormente as artérias interlobulares. Dessas artérias surgem as arteríolas aferentes, as quais sofrem divisão formando os capilares dos glomérulos, que em seguida, confluem-se para formar a arteríola eferente. A arteríola eferente dá origem aos capilares peritubulares a às arteríolas retas, responsáveis pelo suprimento arterial da medula renal.
A drenagem venosa costuma seguir paralelamente o trajeto do sistema arterial. O sangue do córtex drena para as veias arqueadas e destas para as veias interlobares, segmentares, veia renal e finalmente veia cava inferior.
No córtex há numerosos linfáticos que drenam para a cápsula ou junção córtico-medular. Na medula, os linfáticos correm do ápice das pirâmides para a junção córtico-medular, onde formam linfáticos arqueados que acompanham os vasos sanguíneos até o hilo para drenar em linfonodos para-aórticos.

Inervação

As fibras simpáticas alcançam o rim através do plexo celíaco. Essas fibras envolvem e seguem os vasos arteriais através do córtex e medula. As fibras para a sensibilidade dolorosa alcançam a medula espinhal pelos nervos esplânicos ou pelas raízes dorsais dos nervos espinhais de T12 a L2.

Anatomia microscópica

Cada rim é formado por cerca de 1 milhão de pequenas estruturas chamadas néfron. Cada néfron é capaz de eliminar resíduos do metabolismo do sangue, manter o equilíbrio hidroeletrolítico e ácido-básico do corpo humano, controlar a quantidade de líquidos no organismo, regular a pressão arterial e secretar hormônios, além de produzir a urina. Por esse motivo dizemos que o néfron é a unidade funcional do rim, pois apenas um néfron é capaz de realizar todas as funções renais.
O néfron é formado pela cápsula de Bowman, pelo glomérulo, túbulo contorcido proximal, alça de Henle, túbulo contorcido distal e túbulo coletor, arteríolas aferente e eferente, capilares peritubulares, vênula, veia cava renal, ramo da artéria e veia cava renal, artéria renal...

Funções do Rins
Além de excretar substâncias tóxicas, os rins também desempenham muitas outras funções. Abaixo estão listadas as principais funções renais:
  • Eliminar substâncias tóxicas oriundas do metabolismo, como por exemplo, a uréia e a creatinina;
  • Manter o equilíbrio de eletrólitos no corpo humano, tais como: sódio, potássio, cálcio, magnésio, fósforo, bicarbonato, hidrogênio, cloro e outras;
  • Regular o equilíbrio ácido-básico, mantendo constante o pH sanguíneo;
  • Regular a osmolaridade e volume de líquido corporal eliminando o excesso de água do organismo;
  • Excreção de substâncias exógenas como por exemplo medicações e antibióticos;
  • Produção de hormônios: eritropoietina (estimula a produção de hemácias), aldosterona (eleva a pressão arterial), cininas e prostaglandinas.
  • Modificar a forma da vitamina D que chega ao rim depois de ser convertida em uma forma possível de ser transportada pela corrente sanguínea no Fígado transformando esta num hormônio cuja função principal é aumentar a absorção de cálcio no intestino e facilitar a formação normal dos ossos
  • Produção de urina para exercer as suas funções excretórias.

Fisiologia
Inicialmente o sangue vem por um vaso chamado arteríola aferente passa pelo glomérulo e sai pela arteríola eferente. O sangue é filtrado ao passar pelo glomérulo num processo chamado filtração glomerular. A quantidade de líquido que passa do glomérulo para a Capsula de Bowman (conhecido como filtrado glomerular) é muito grande, cerca de 170 litros por dia, sendo 99% desse total reabsorvidos pelos túbulos renais, resultando em aproximadamente 1,7 a 2 litros de urina por dia.
O mecanismo de passagem do líquido e sua composição é devido ao equilíbrio entre as forças que tendem a manter o líquido nos vasos e as que tendem a expulsá-lo (Forças de Starling). Os dois principais fatores são a Pressão hidrostática, que favorece a passagem de líquido do sangue para a cápsula de Bowman, e a Pressão osmótica, que impede a saída de líquidos do sangue.
Após ser produzido pelo glomérulo, o filtrado glomerular segue para os túbulos renais onde será processado para dar origem à urina. Em cada segmento dos túbulos renais, ocorrem movimentos ativos (com gasto de energia) e passivos (sem gasto de energia) para a reabsorção de água e eletrólitos. Algumas substâncias, como eletrólitos e medicamentos, são secretadas do sangue para o filtrado glomerular pelos túbulos renais. O líquido final resultante do processamento tubular é a urina.
Os rins atuam na manutenção do equilíbrio ácido-basico, regulam a concentração de bicarbonato (HCO3), o qual possui a função de tamponamento, excretando ions de hidrogênio e regulam a produção de eritrócitos, através da secreção de eritropoetina, um hormônio que estimula a síntese de eritrócitos, na regulação do volume sanguineo, na regulação da pressão arterial, no PH do sangue e no nível de glicose do sangue.

Mulheres e a cistite. E beba água para ajudar seus rins


por CIDA DE OLIVEIRA

As mulheres são mais vulneráveis à cistite, a infecção do trato urinário por razões anatômicas. Nelas, a uretra é bem mais curta do que nos homens, o que facilita o acesso de microorganismos. O tratamento deve ser rápido, evitando que a infecção avance até a área nobre dos rins.
Se você não bebeu água o suficiente em um dia, seus rins bloquearão o desejo de urinar. Tudo para evitar que seu corpo fique desidratado. Lindo. Mas isso tem um preço: o serviço de filtragem deixa de ser perfeito.
Por falar em beber água, não leve tão a sério a clássica recomendação dos 2 litros por dia, a menos que você tenha cálculo renal. Caso contrário, dê seus goles quando bater a vontade. A dica, porém, pode não valer para idosos, porque neles, por razões fisiológicas, a sede nem sempre dá as caras. Para evitar desidratação e manter os rins em ordem, eles devem se habituar a tomar água de vez em quando, com ou sem sede.

Pedra no rim

O que é
Formações endurecidas nos rins ou nas vias urinárias por causa do acúmulo de cristais de sais na urina, como cálcio, fosfatos, oxalatos. 

Causas
Infecções urinárias, volume insuficiente de urina, distúrbios relacionados à eliminação de sais e vitamina D em excesso. 

Sintomas 
Dor intensa, com irritação e obstrução do canal urinário. Pode haver ainda palpitações, náuseas e vômitos. 

Tratamento 
Contra a dor, analgésicos. Cálculos menores que 5 mm são eliminados sozinhos. Os maiores são bombardeados com ultra-som. Daí, às vezes, é preciso intervir para retirar fragmentos. 

Prevenção 
Pessoas propensas devem evitar o consumo excessivo de alimentos ricos em oxalatos, como café, chocolate, refrigerante à base de cola, entre outros.

Nefrite aguda

O que é 
Inflamação dos tecidos dos rins causada por agentes infecciosos os mesmos que provocam amigdalite e sinusite, por exemplo. 

Causas 
Pessoas predispostas geralmente têm o problema depois de uma infecção de garganta ou de pele. 

Sintomas 
O mais comum deles é a coloração diferente da urina, que fica bem mais escura. 

Tratamento 
Além de antibióticos, usados em certos casos, são prescritos diuréticos para controlar a retenção de líquidos e assim reduzir a pressão arterial. 

Prevenção 
Não há um caminho específico ou 100% seguro. Vale manter a pele limpa e tomar todas as medidas para evitar outras infecções, como a de garganta.

Nefrite crônica

O que é 
Lesões permanentes nos rins, que atrapalham seu funcionamento 

Causas 
Infecções que não foram tratadas direito ou até mesmo o abuso de certos medicamentos. 

Sintomas
Sangue na urina, pressão alta, inchaço nas pernas, perda de apetite. 

Tratamento 
Dieta com restrição de proteínas, sal e potássio não cura, mas ajuda a não sobrecarregar ainda mais os rins.

Prevenção 
Evitar remédios sem prescrição e fazer exames rotineiros para avaliar a saúde renal, impedindo que o mal avance.

Cisto renal simples

O que é
Pequenas bolhas cheias de líquido nos néfrons, as unidades filtrantes.

Causas 
Doença renal crônica, aumento da pressão arterial nos rins e da concentração de sais nos líquidos que banham os néfrons.

Sintomas 
Não apresenta sinais, mas algumas pessoas podem ter dor se os cistos crescerem e comprimirem outros órgãos.

Tratamento 
Não há nada específico. Apenas é necessário acompanhamento médico periódico para evitar complicações, como cálculos e infecções.

Prevenção 
Como os cistos estão diretamente ligados ao aumento da pressão, é preciso mantê-la sob controle.

Infecção urinária

O que é 
Qualquer infecção no canal da urina.

Causas 
A presença de microorganismos, como bactérias, fungos e vírus no interior da uretra.

Sintomas
Dor ao urinar, febre, sangue no xixi e vontade frequente e intensa de ir ao banheiro.

Tratamento 
Além de pedir que a pessoa tome mais líquido, o médico pode prescrever antibiótico, se a causa for uma bactéria.

Prevenção
Urinar antes de dormir e após as relações sexuais, e também evitar longos banhos de imersão, já que o contato com o meio líquido favorece a contaminação.


O rim em perigo: sal, anabolizantes e dietas

Tudo o que contribui para elevar a pressão sanguínea pode afetar os rins. Por isso, o sal é o grande vilão. Como danifica vasos de todo o organismo, não poupa os que irrigam as unidades filtrantes, que vão sendo destruídas aos poucos. O máximo permitido por dia são 6 gramas, que equivalem a 1 colher de chá rasa. No entanto, o brasileiro exagera mesmo na dose -- ingere nada menos do que o dobro!
A proteína animal, presentes nas carnes e nos ovos, principalmente, também carrega a fama de inimiga dos rins. Isso porque não é excretada e sim devolvida à circulação. O excesso dela, portanto, vai exigir um esforço bem maior desse órgão - daí a grande chance de sobrecarga e dano renal.
Anabolizantes são verdadeiras bombas para o organismo como um todo. E com os rins não é diferente. Esses coquetéis, usados sem critério por quem deseja ganhar massa muscular rapidamente, elevam a quantidade de diversas substâncias no sangue, como frações de colesterol, por exemplo. Com mais sujeira para limpar, eles não dão conta da faxina. E tem ainda um outro risco: essas substâncias aumentam a pressão sanguínea, com todas as conhecidas (e nefastas) conseqüências para a saúde cardiovascular e a renal também, claro.
Criados por nefrologistas americanos, os isotônicos têm a função de repor líquidos e sais perdidos por atletas de alta performance durante treinos e competições. Afinal, com tanto esforço, a perda dessas substâncias é maior, o que debilita o organismo - daí a necessidade de reposição imediata. No entanto, pessoas que fazem atividade física normal, apenas para manter a saúde em dia, não têm por que repor o que não foi perdido. Agora, caso você tenha tido alguma indisposição com diarréias e vômitos, aí, sim, vale recorrer a essas bebidas, mas a quantidade deve ser indicada pelo seu médico.

Cerveja é diurética, mas não faz bem aos rins


Por conter substâncias que inibem a ação do hormônio antidiurético, a cerveja ganhou a boa fama de diurética e, por tabela, de amiga dos rins. Afinal, facilitaria o serviço de filtragem das impurezas do sangue. Na verdade, mesmo composta por 95% de água, a bebida tem etanol suficiente para desidratar o organismo. Presente nos drinques alcoólicos em geral, é ele que inibe o hormônio antidiurético, provocando aquela vontade constante de fazer xixi. Com isso o corpo perde líquido, e a concentração de toxinas no sangue aumenta rapidamente. É que o álcool leva muito tempo para ser metabolizado. Alternar copos de água com os de cerveja é uma dica para evitar a desidratação e a sensação da ressaca no dia seguinte. A cerveja, assim como as outras bebidas alcoólicas, ajuda a aumentar a pressão do sangue. É claro que o efeito varia conforme a quantidade de etanol presente na bebida e do número de tulipas que vão goela abaixo. Mas a gente já sabe que pressão alta definitivamente não é benéfica para os rins.